3.9.09

Igualdade temporal

Sempre é igual a nunca e ambos são sinônimos da inércia.

26.8.09

em movimento

fim = início

o céu dele

Não vou mais acender as estrelas para você.

1.7.09

Óbvio e subjetivo

O nome demonstra o processo criativo da geração à execução e projeção de idéias visuais.
Acredito que toda criação gráfica parte do óbvio ou experiência visual adquirida na vida, no cotidiano e caminham para o espaço subjetivo onde adquirem a unidade. É neste espaço em que o projeto gráfico adquire o diferencial real tornando-se autoral até sua publicação onde ele é recolocado no espaço óbvio para sua transformação diante de um novo autor, ou seja, um novo espaço subjetivo. Adepta da pesquisa, da transição e do desenvolvimento, baseio meus projetos na experimentação de recursos e no encontro do grafismo subjetivo. Esta inquietação é que gera a reciclagem do óbvio e a identidade diversificada dos meus projetos.

Sociedade Industrial

Profissional é ser humano.

Eu

Só e sem solidão

Vamos

Interpretar é tornar familiar
Para você.

Não explique para o outro.
Convide-o a interpretar com você e torne-o um amigo.


Vamos interpretar:

Para viver, não basta estar vivo.

Bem vindos

A arte está no ar. Basta inspirar.

Não aprisione seu amor.
Leve seu coração para passear

A arte é feita de micro partículas em movimento.
Como um feixe de luz ilumina a poeira brincar
Os olhos de luz podem enxergar

Reflexão

Tudo o que sei é que o reflexo dos seus olhos lembra um lugar entre a chuva e os raios de sol.

Interpretações possíveis

Interpretações possíveis do sonho I
Sonhos são quase sempre egocêntricos e sonhadores narcisistas.

Interpretações possíveis do sonho II
Quem vive de sonhos nunca acorda
Quem sonha acordado não vive

Interpretações possíveis do sonho III
Sonho não é vontade e não acontece para o próximo.

Interpretações possíveis do sonho IV
Quem não sonha transforma a realidade


Interpretações possíveis do sonho V
O passeio da alma é sonho, mas deste você não vai lembrar.


Interpretações possíveis do sonho VI
O passeio do espírito é sonho, mas este é também realidade.

Interpretações possíveis do sonho VII
Confunda sonhos com desejos e torne-se um sonhador


Interpretações possíveis do sonho VIII
Pandora poderia ter prendido os sonhos junto com as esperanças.

Viva os sonhadores!

Efêmeros

A liberdade é um sentimento.

Os desenhos desejam

Meus versos são desenhos
que desejam existir

Mas eles escolheram mal

A artista para o parto
deixa muito a desejar

Ela ainda usa borracha
para esconder os erros

E o papel carrega a marca
das cicatrizes

Presente

Vou alcançar no céu
uma nuvem escura

Retirar os raios e relâmpagos
Como se fossem espinhos de rosa
Vou soprá-la para que a brisa e a água
Lavem seu rosto
E que sua pálpebra
Brilhe à luz,
desta chuva roubada.

Arte

Arte é a expressão da alma.

Sombra

Cada um carrega a sua própria sombra
e o sol determina o peso.
A noite, todos se misturam
Sombras e desejos.
Qualquer chama pode projetar
você e eu.
Não se espante ao acordar
se me vir em você.
É que te carreguei por engano.

Ciclo vicioso

Não saber é uma alegria
Saber é uma solidão condicionada.
Mas descobrir,
Que está a um instante antes de saber
É a felicidade intelegível.
Que se abre por alguns minutos,
Antes de se fechar na ignorância seguinte.

Falta

Queria tanto vê-lo com os olhos abertos...

Ansiedade

Adoro passar os dias seguintes bebendo o último encontro,
E antes que esvazie,
Você sempre liga.
Ah, meu amor.
Deixe acabar de vez em quando.
Eu também preciso sentir sede.

Cinema mudo moderno

É falar com um amor pelo telefone.
Um interpreta o silêncio do outro.
E é sempre drama.
E é sempre comédia.

A cômoda

Esperar é querer que o futuro chegue logo.
Mas para que?
Ele sempre vira presente antes disso.

Falta

O meu amigo sempre está na saudade ou na esperança.
Mas ele quase nunca está presente.

Estar além do amor

Eu fui feliz,
No Sana, no Sono, no Cipó,
Na pedra, na casa de chuva, nas notas
E nos desenhos que te representei.
Mas você sempre esteve além.
Do Sana, do Sono, de mim.
Além da felicidade.
Mas além da felicidade só há saudade
E a nostalgia que faz tudo parecer efêmero.
É uma esperança que mora no passado.
Mas todos sabem,
Que as esperanças pertencem ao futuro.
Que pena meu amor,
Você vive na hora além.
Que é um depois quase antes,
E acaba no instante de ser.

Já posso sair do castigo

A esperança é um mal.
Ela é irmã gêmea da ilusão
Mas elas parecem tão boas.
Que todos se iludem e esperam.
Pandora.
Liberte a esperança de uma vez!

Como uma tempestade no deserto

No deserto, uma tempestade de areia pode ser desvendada através do vôo das borboletas e lavadeiras.
A Maria quando vem,
primeiro chega um brinquedo e depois um barulhinho de asa de beija-flor misturado com um zumbido de abelha.
Tudo fica colorido, e com cheirinho de sala de aula depois do recreio.
Mas quando saberei que você está vindo?
Quais serão os seus sinais?
Será um som?
Será consonância ou só barulho.

Será o canto do vento?
Ou apenas a leve sensação da brisa quando toca o rosto,
Ou como molhar os pés.
Será um sabor?
De água da fonte ou o de fruta roubada.
Pode ser um cheirinho;
de campo ou o de chuva.
Será que me desperta,

Como o canto do galo?
Ou me nina,

Como a lua.
Será a presença das estrelas?
É.
Deve ser assim deste jeito.
E faz tanta diferença,
Que você nem chegou,
Talvez nem venha,
E eu já estou sentindo
Tudo isso.

Limites do corpo

Estava aqui imaginando,
Pensando em imagens,
E me vi tão prisioneira dos meus olhos,
Dessa tradução da luz
São muitas cores.
São sim.
Mas ainda creio que os cegos imaginam

mais colorido do que eu.

Limites do corpo

Só uma coisa te ensina a abrir
e nela estão os motivos que o levaram a fechar.

Tempo

Antes todos os papéis tinham desenhos e nunca sobrava espaço para mim.
Agora a vida está cheia de mim,

Que nunca sobra espaço para os desenhos.
Os papéis vivem em branco
E cheios de futuro.

A Namorada

Saia agora mesmo deste computador!
Este comunicador sem sentimentos e sem pele, que se alimenta da sua solidão.
Que cria a namorada do outro lado e evapora a sua existência.
Você não vai se encontrar dentro desta caixa vazia!
Por isso meu amigo verde e úmido.
Termine agora com esta máquina,
Ou escreva uma carta para ela, no papel, com caneta, e
Por favor.

Aprenda a esperar.

Os outros

Quando se conhece bem o outro,
ele deixa de ser o outro
para ser você.

Os outros são sempre desconhecidos.

Para lembrar

Não tenho grandes pretensões.
O que acontece é que às vezes eu sinto em palavras
e preciso escrever para não
me esquecer.
Deixo aqui.
Se ao acaso alguém ler,
Pode ser que se lembre também.

Da simplicidade possível dos fatos

Vamos brincar de verdade e mentira?
Olha.
É assim.
Primeiro a gente pega uma situação com alguma importância para o deus do orgulho.
Se não for assim, não terá graça.
Vamos supor, o atendimento de um telefone.
Depois, coloca-se uma verdade:
- Não atendi, pois tinha esquecido o telefone silencioso.
Logo após o comentário engrena uma mentira:
- Na verdade eu não quis te atender.
Aí já está implantada a dúvida.
Como a insegurança é filha do medo. Será dada como verdade a mentira.
Neste momento deve-se afirmar a verdade.

- Eu precisei colocá-lo em silêncio por causa da reunião.
E logo depois se quebra este argumento dizendo:
- Eu fiquei me divertindo em observar o seu número na tela e imaginando quantos toques você esperaria.
Assim vai.
Até que a verdade e a mentira vão se misturando, se entreolhando, se unindo.
Que importa a verdade?
Que importa a mentira?
O telefone tocou e não foi atendido.
O que importa é apenas o que sobra.
A indiscutível,

Realidade

Separação de bens

O sorriso é seu
A alegria é minha
Euforia é ela

A postura é sua
A delicadeza é minha
O equilíbrio é dela

A sobrancelha é sua
A expressão é minha
A curiosidade é dela

O nariz é seu
A respiração é minha
Quando ofegante é ela

O pé é seu
O primeiro sapatinho é meu
A liberdade é dela

Os olhos são da bisavó Sirena
O olhar é meu
O formato é seu
A melancolia é dela

A testa é do avô paterno
O pensamento é divino
Quem escuta sou eu

O coração é meu
O jeito é seu
A timidez é dela

O amor é meu
O desamor é seu
A dor é nossa
E ela
Ela nem liga

Abraço de mão

Quando se tem um filho, abre-se mão de muita coisa.
Mas aí, vem uma mãozinha e dá um abraço de mão.
Abraço de mão, não é um cumprimento, um aperto de mãos ou alguém que segura a sua mão.
Diferente de tudo isso.
Quando um filho te dá um abraço de mão, você nunca mais fecha...

Nem a cara, nem o coração, nem o tempo, nem a mão.

A Maria odeia igrejas

Porque é feio o moço morrido na parede.
Porque todos estão tristes na parede.
- Mãe, você vai morrer?
- Mãe, eu vou morrer?
- Mãe, quando eu morre eu vou para o céu?
- Mãe, me ensina a voar.
Em cada resposta um chorinho.
E até hoje me pergunto se o medo era da morte, da altura ou da igreja...

Imaculada Prisão

Maria ganhou sapatinhos de boneca.
Sapatinhos comportados de bonecas educadas que não brincam para não sujar os sapatinhos de boneca.
Maria estava aprisionada nos sapatinhos de bonecas educadas comportadas e limpinhas que não andam para não cair os pés.
Maria perdeu um sapatinho, e deu seu primeiro passo.
Mas foi sem querer...
Afinal, todos querem ser livres, mas ninguém quer se sujar.

Trabalho

Entenda que os pássaros só voam alto por pura liberdade. Não há borboletas nas nuvens.

Mentira

Aqui dentro a mentira está reservada à criação.
Quando procuro pretextos é que acabou a alegria.

Sorriso da Maria

Quando ela olha a chuva na janela, das gotinhas escorrendo, refletem mil sorrisos que transbordam em alegria e escorregam no vidro.

Um minuto a mais

Na vida é preciso arriscar o paraíso, por um minuto ou um segundo a mais.
Quem nunca pesou entre a segurança da felicidade eterna, e o sabor singular do verão?

Maria

A Maria foi ao chão. Se metamorfoseou num ratinho e investigava a casa como quem chega da metrópole num vilarejo do interior.
Agora era bailarina do circo, que com sua minúscula sombrinha desafiava o fio da corda-bamba, tão elegante que a corda lembrava uma imensa passarela.
Assim ela foi se afastando, preenchendo os espaços como uma ventania que balança todas as janelas da casa numa só rajada.
E eu sentei no cantinho vazio, o último da casa e fiquei observando o cata-vento girar sua liberdade, girar sua liberdade, sua liberdade girar, girar, girar.....
Num sorriso ela disse: - Enfim cansou!
Com muito cuidado, a Maria me pegou no colo, me levou para cama e cantou para eu dormir.

Eu sei

Sei que errei.
Errei quando te ensinei a fazer aviõezinhos de papel que voam longe.
Quando experimentei as receitas.
Errei quando contei histórias de balões, de noites de lua, do cheiro da açucena e do vôo das andorinhas.
Errei quando fingi não notar que estava lendo meu livro no ônibus.
Errei ao falar das flores, ao deixar todos os livros abertos, ao olhar para você.
Quando pedi para vir, quando fiz disso um caminho, quando cortei o silêncio.
Não consigo apagar meus erros, como se apagam as estrelas do céu.
Só posso admirá-los daqui, enquanto eles passeiam a noite.

O azar...

Um, dois, três e já!
Comigo não tá!
Nem comigo!
Folhinha de abacate ninguém me combate.
Vamos à venda do Seu Manoel comprar, pirulito, pipoca, chiclete, bala e picolé.
Vamos brincar de pique?
Pique-pega,
Pique – esconde,
Pique-bandeira,
Pique-corrente,
Pique-bola.
Pega a pipa, cola a rabiola, solta no ar e deixa voar.
Lá em cima do telhado, tem um copo de veneno, quem bebeu, cresceu!

O azar...
Triste, não é crescer.
Triste é perceber que tudo a sua volta, diminuiu.

O Ipê-rosa

Todo ano, o Ipê-rosa colore a Lagoa Rodrigo de Freitas, com suas flores flutuantes.
Para isso acontecer, o Ipê, leva os 365 dias se preparando e quando chega o inverno, explode rosa por todos os galhos, oferecendo um espetáculo visual.
Fotógrafos de todos os cantos do Rio de Janeiro vão brotando a sua volta, com suas lentes de caracol, para tornar eterno o ângulo inusitado, do momento incerto em que uma florzinha vai pendular e boiar até o chão.
Mas o Luis, passa e nem olha. Nem com rabo de olho, nem de lado, nem fingindo preguiça.
Ele passa e ignora a majestade de 20 metros, ignora sua nuvem rosa; ignora.
Fingindo não notar essa falta, eu comento: - Olha que lindo que está esse ipê, que colorido, que alegria!
A resposta vem com um bocejo: - É; pena que não combina com o lugar.
Nesse momento meu pensamento contrata biólogos, engenheiros florestais, paisagistas e operários para a difícil tarefa de combinar o Ipê.
Começamos cavando em volta da raiz com muito cuidado para não machucar a planta. Depois colocamos dentro de um recipiente preparado para acomodar a árvore durante o transporte. Regamos um pouco e lá se vai, meu pensamento transportando um Ipê de 20 metros e 100 toneladas para um campo comprido em que ele possa reinar único na paisagem.
Ao encontrar o local ideal, iniciamos o plantio do Ipê. Cavamos um buraco gigantesco e, com uma colher de café, começamos a cobrir a raiz.
Ao fim desse trabalho o Luis olha e diz: Aí ele parece muito grande!
E lá se vai meu pensamento, levando o Ipê para, cachoeiras, montanhas, florestas, serra, Paris, Espanha, Grécia. Cava aqui. Coloca ali. Mais para cima, mais em baixo.
E o Luis só diz: - Muito frio, muito alto, muito cheio, muito seco, muito cinza. Aí vai competir com as rosas. Não! Muito perto do mar...
Cansado, sem forças até para suspender o Ipê, meu pensamento agora sozinho, coloca a árvore de 20 metros e 100 toneladas nos ombros e, como Cristo, a leva de volta para a Lagoa Rodrigo de Freitas.
Eu olho para o Luis e no último fôlego, comento: - A Maria não gosta de rosa.
Como é difícil agradar o Luis!

Todos amam Francisca

Todos amam Francisca!
Os homens amam sua beleza, seu jeito meigo, sua delicadeza, sua sensualidade inconsciente, suas múltiplas personalidades. Mas odeiam amá-la por nunca os escolher.
Todos amam Francisca!
As mulheres a amam pela sua castidade, seus maus modos, suas inúmeras imperfeições. Mas odeiam que os homens a amem, suas inconstâncias e suas diferenças.
Todos amam Francisca!
Os amigos amam sua aparência, sua caridade, seu jeito amoroso, seus recursos sem propriedade. Mas odeiam ser amigos, odeiam seus olhares, odeiam não ser.
Todos amam Francisca!
As amigas amam suas qualidades, sua lealdade, suas sutilezas, sua fraternidade. Mas odeiam sua ingenuidade sóbria, sua carência incerta, seu pensamento provinciano.
Todos amam Francisca!
A família ama sua obediência, sua abstinência, suas fraquezas. Mas odeiam suas determinações, suas liberdades, sua libido, seus sonhos.
Todos amam Francisca!
Seus amores a amam por tê-los amado, mas a odeiam pelo mundo.
Todos amam Francisca!
Por isso, Francisca é solidão.
Todos amam Francisca, como a uma imagem no altar.

Mimese

Toca o telefone.
-Alô, tudo bem?
O senhor que vive infeliz observando a lua refletir na poça, responde:
-Vou bem. A lua está linda!
Mas poderia dizer que perdeu a alegria e enquanto procura, só encontra tristezas pela casa.
Que está vivendo em preto e branco, a alegoria de um passado colorido que desbotou.
Mas o que isso importa?
O senhor poderia dizer: - Vagaluminarios e sungolofotes se borboletronicam nas chuvandeirodas da primaventura.
Que a resposta do outro lado será: - Tudo!
Supondo que iria repetir a pergunta, obedecendo ao figurino seqüencial da função fática.
Como uma enfermeira que entra no quarto do morto dizendo: - Bom dia!
Por isso, ao passar por uma árvore, cairá uma folha sobre meus ombros. Vou acompanhá-la com os olhos até que toque o chão. Depois, mimeticamente, a recolherei, e erguendo o braço, eu direi: - Com licença, desculpe incomodar, mas acho que a senhora deixou cair esta folha.

Três por um real

Quando o Rodrigo toca, do asfalto vãos nascendo alguns pés de café, de cana de açúcar, e pelo ar exala um cheiro de terra suada. Quando silencia, da uma tristeza que parece fome. Quando o Rodrigo fala, vem um menino e puxa a barra da saia pedindo dinheiro para comprar pão, o ônibus passa, um moço que vende bala oferece três por um real. Não consigo ouvir o Rodrigo. Então ele tira a escaleta da mochila, e sai tocando distraído para a lua. O menino sorri, o ônibus para, e o moço esquece as balas no banco.

Adorno da Santa

Ontem eu andava pela rua, quando ouvi um barulho de bota pisando na poça. Mas ao olhar para trás, não havia ninguém. Adiante ouvi outro barulho, como o de um galho caindo. Continuei andando, e um vidro quebrou. Agora estava bem próximo era um soluço de choro. Se fosse noite, poderia ser assalto, um bêbado, uma sombra, um vento com calafrio, um esquecimento. Mas como era dia, lá de cima da igreja, escondida atrás do adorno da santa, era a culpa, que me seguia.

Tropeços

Os que amam com palavras quase nunca alcançam os sentidos. Mas podem defini-los e classificá-los no ciclo da vida.
Os calculistas amam sem risco, com tantos por cento de amor no café da manhã, mais alguns trocados no almoço, entram no especial a noite e quase nunca vale a pena.
Os poetas amam pelo mundo dos espelhos. Sempre observam minuciosamente todos os seus aspectos e raríssimas vezes compartilham dele. Para os desconfiados há sempre uma linha que se difere da realidade. Que pena, só os distraídos amam de verdade, depois tropeçam caem e esquecem

21 dias

Certa vez meu tio Aluísio disse que cada cigarro que fumou, equivale a menos sete dias de vida.
Quando eu fumava o tempo parava, e os minutos eram contados em tragadas.
Aquele senhor, levou 2 tragadas para atravessar a rua.
Aquela moça, levou 7 tragadas olhando a vitrine.
O bêbado, levou 1 tragada e meia para cair.
Você, levou 57 tragadas para chegar.
O que equivale a 3 cigarros.
O que equivale a 21 dias de vida.
O que equivale ao tempo de nós dois.
Quando eu fumava, eu me esquecia de viver.

A partida de Batista

Oh Batista vem almoçar!
Já vou Maria!
Maria, vou já!
Vou já Maria!
Maria já vou indo.

Zé Maria e a caixa vazia - cordel

A cidade não se esquece
do herói Zé Maria
que era homem do dia-dia
e depois do acontecido
virou mendigo profeta.

O tempo foi passando
e a história também.
De geração em geração,
de boca a boca,
de ouvido em ouvido.

Aumentando o acontecido
criando um novo Deus
que hoje é cultuado
como santo que enganou o Diabo
vou contar como ocorreu.

Esta história que une
o real com o encantado
foi a muito tempo atrás
quando o homem andava a cavalo
e a mulher não sabia ler.


Nosso herói Zé Maria
pertencia a família ilustre.
Era homem estudado
que pensava que tudo sabia
que estava acima de Deus.

Mas pareceu inocente
quando o bode feito gente
um presente lhe entregou.
No embrulho não tinha nada,
nesta caixa vazia jazia a esperança.

Feito Pandora Zé Maria
nem de longe percebeu
que o que a serpente queria
era sua esperança, sua alegria,
em troca da caixa vazia.

Mas São Pedro não descansa
e vendo o perigo eminente
chamou anjo Gabriel,
desceu correndo do céu
tentou salvar a esperança.


Zé Maria curioso,
com a caixa em sua mão,
não sabia que estava
dentro de um grande duelo
entre o doente e o são.

Num ouvido o bode e a serpente,
no outro o anjo e São Pedro,
no meio este pobre coitado
entre o medo e o sonhado
sem saber o que fazer.

Na caixa vazia
o nada ficou enorme
tão grande que não cabia
dentro de nosso herói
a angústia de não saber.

Quanto mais ele pensava,
mais a mente criava
e mais apertado ficava
dentro da caixa que cria
além do bem e do mal.


No dia seguinte,
o comentário era geral.
A cidade estava em alvoroço,
todos vinham ver a carniça
do homem feito animal.

Zé Maria foi encontrado
como morto no meio da praça,
dava a impressão de estar livre
vestido apenas com uma caixa
que mal tampava seu desejo

Terno velho

Este ilustre convidado não é mais meu.
É só um desconhecido que esqueceu o convite
e procura inutilmente nos bolsos da calça o que a muito se perdeu.

O fim

O fim do palhaço é o sorriso do adulto.

Existir

A verdade para existir necessita de ao menos uma contradição.

Migramos

Este blog não será mais um blog-portfólio e sim um blog de pensamentos

O blog-portfólio migrou para - www.flickr.com/obvioesubjetivo

Encontre meus trabalhos lá e pensamentos aqui.

Bem vindos!